4.8.09

nos cantos do bairro

Fugíamos à realidade pobre embelezando-a na alienação da normalidade. Fugíamos também às vezes da polícia. Personagens fantasma, pacientemente à espera que a terra cobrisse as suas campas, circundavam-nos com estórias do nunca. De órbitas perdidas fugíamos pelos sopros dos cantos do bairro, no silvo das folhas que se fechavam. Fugia eu do desencanto tentando encontrar a compensação esventrada. A brutalidade persistente entranhava-se mais e mais numa alquimia de coração para pedra. Vêem os olhos aquilo que querem no embalo do tempo. Cegueira atroz pensada incurável tão somente solúvel no domínio da pálpebra. São serenas as memórias, agora que as apago na escuridão da luz dos teus olhos.

Sem comentários: