26.8.09

nem sempre o conhecimento serve

A luz ao fim do túnel é afinal uma parede líquida. Perfeitamente natural aos olhos da ciência. Mas que sabes não servir
os teus desejos insaciáveis.

17.8.09

lê-se na trompa

Apresento-vos o meu novo trabalho de palavras e sons. Uso as palavras de Rui Dinis do Blog A Trompa.

De olhos bem abertos.

Como num redespertar. Um estranho acordar que se vai repetindo a cada noite; a cada dia que passa, ou se pensa que passa. Como uma experiência virtual qualquer; ou talvez não. Talvez seja apenas um normal mas assustador despertar. … “Filled With Light”.

“Filled With Light” desperta-nos em dois sentidos diferentes. Um primeiro, por ser apenas um EP que é parte de um álbum ainda a editar; e um segundo, porque nesse álbum, a poesia, elemento central e sempre presente no trabalho de Subterminal, faz a apologia da vida digital. “Filled With Light” é como que o trailer de um filme completo que veremos mais adiante; um resumo já com princípio, meio e fim. Mas para já, importante é o despertar e “Filled With Light” desperta; desperta-nos.


Para mais informações vejam o site da XS Records no qual colaboro.

6.8.09

almost but not yet


http://www.dailymotion.com/video/x1gi80_tricky-makes-me-wanna-die_music

Look to the sun
See me in psychic pollution

Excerto do poema de Tricky Makes me wanna die. Album Pre-Millenium Tension.

5.8.09

do amor apenas

sem medo, amava, apenas.
dizia serem homens a sua especialidade
corria audaz na direcção do abismo, parava quando os seixos deslizavam já sob os seus pés
ria um riso de criança alto e obsceno na miragem da minha palidez.
impotente, antecipava a dor inevitável na carícia de beijos infinitos.
envolto na sua beleza, pouco mais do que ficar

perder-te-ei nesse profundo infinito
o teu corpo num bailado despido
acariciado pelos anjos que caem contigo
tu amparada nos braços de um eu outro
eu no desamparo do vazio d’alma

4.8.09

nos cantos do bairro

Fugíamos à realidade pobre embelezando-a na alienação da normalidade. Fugíamos também às vezes da polícia. Personagens fantasma, pacientemente à espera que a terra cobrisse as suas campas, circundavam-nos com estórias do nunca. De órbitas perdidas fugíamos pelos sopros dos cantos do bairro, no silvo das folhas que se fechavam. Fugia eu do desencanto tentando encontrar a compensação esventrada. A brutalidade persistente entranhava-se mais e mais numa alquimia de coração para pedra. Vêem os olhos aquilo que querem no embalo do tempo. Cegueira atroz pensada incurável tão somente solúvel no domínio da pálpebra. São serenas as memórias, agora que as apago na escuridão da luz dos teus olhos.

3.8.09

Lx 4 a.m.

*

É noite fechada em espaço
Triliões de partículas chocam derivados de álcool
Possuídos frenéticos
Roçam corpos insanidade
Procura ela de olhos fechados conquista um beijo
A alma colectiva partilha amanhã nunca.


*

Sinto poder indomável.
Sou cavaleira erótica carrasca
Conduzindo o seu rebanho
Domino. Atrevo.


Emerge serpente de um bolso imaginário
Atinge-o pescoço feitiço
abraço preso extasia
roçam lábios. Dobram no tempo
mãos que não chegam a tocar.




*

Inflijo castigo agora na saída
Vejo-o cambalear envenenado
Apenas mais um junta-se.


Implacável antes da madrugada que rasga
vampiro sentimental
clones de culpa são
todos os que ainda serão beijados.


* Imagens retiradas do videoclip "Elephant Gun" dos Beirut (http://www.beirutband.com). Realização: Alma Ha'rel. Coreografia: JoAnn Jansen.