9.7.09

anátema

Em cada verso há um pássaro esganado
e um voo interrompido
- asas inertes cujas rémiges perderam o sentido
mas que o poeta arranca e usurpa para sentir-se alado.

Feito o poema, que dedico
ao teu corpo de mulher - substância do meu sonho -,
sou compelido a cumprir o meu destino de ave: Nidifico
no labirinto do teu sexo misterioso e aí deponho
a Via Láctea do meu sémen povoado de astros e asteróides.


Não haverá maldição, que sobre ti não caia,
se um dia renunciares a tudo o que eu te der e de mim saia,
incluindo versos e espermatozóides.

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