27.12.08

quando os gelos querem ser cauda de cometa

 
Comemoremos com sangue e júbilo esse dia
em que fomos expulsos
de um ventre onde, inventando o prazer, o sol procria
por interposto ser;
e nos deixa depois deambulando, avulsos
e de asas atrofiadas, através
da maior dimensão que o cosmos possa ter.

Comigo, foi como se caísse,
com toda a poesia do mundo atada aos pés,
de um colo maternal, todo meiguice,
para o mais gelado e inabitável fiorde
da minha mente,
onde o sonho se gera, cria e sente,
sem que o silêncio das estrelas nos acorde.

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