10.11.08

hipercivilização II


Assim se fizeram homens e mulheres, gerações perpétuas de ardores correspondidos e impérios incontáveis em perfeita harmonia. E a natureza seguia o seu curso, cada rio escoava até ao mar sem barreiras, cada religião corria o risco de se tornar banal na presença do amor, e cada nação prestava vassalagem à passagem dos arautos da beleza. Em tudo reinava uma presença angélica.

Mas eram apenas meros fogachos que perpassaram por entre um piscar de olhos e que fizemos por afogar brutalmente, como quem pressiona um corpo frémito dentro de água. Arrebatamentos fúteis na hora da decisão.

Este é o mundo das máquinas trituradoras, engenhos puros maquilhados residualmente antropomórficos, autómatos oleados que viram caducar a sua existência no contínuo avanço tecnológico.

E nesse ambiente de constante mutação, da obsolescência, nasceu uma nova ordem imposta pela androginia clonada da ambição humana e pelo frémito desmedido dos corpos em chamas que tudo queimam em redor deixando em cinzas o amor.

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