11.11.08

não será jamais


não será pelo caminho de ida que voltaremos
nem pela mão que nos trouxe que partiremos

somente o grilo à noite orvalhada
nos conhece a voz e o rosto

somente a terra nos conhece o corpo
o restolho o cheiro
o xisto-luzente os dedos
a cal seca as unhas
a azeda os lábios
e os dentes quando a trincamos
a seiva das ervas azeda
ao gustativo
entre as papilas o palatino e as gengivas
as minhas e as tuas

jamais em nós a velocidade das horas
mas o silente
o encantamento
e a preguiça

jamais em nós o ruído da turba
mas a quietação
a doçura
e o descanso

jamais em nós o quebranto da vida
mas a lufada
o fulgor
e a maravilha

atrás jamais voltar agora que partimos
mas pelos próprios pés

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