22.10.08

as melodias e as tágides I


acordei de manhã na travessia do Tejo
tanta a humidade os poros da minha pele furnas
o meu corpo água que ferve
ferve o meu corpo nas águas do Tejo
é levado o meu corpo nas águas do Tejo

na branca espuma do mar
branco branco branco é a cor do mar
neblina branca branca de lençóis de linho
e vou ao encontro do mar descendo o rio
e vêm ao meu encontro subindo ao rio
as tágides
as tágides

é incerto que tenha acordado esta manhã
pois não fechei os olhos toda a noite
fechei os olhos à noite
e a noite foi verdadeira

certamente acordei esta manhã
pois toda a noite sonhei este encontro
até ao mar descendo o rio

verdadeira a noite
nos braços das tágides
verdadeira a noite
nas guelras das tágides
verdadeira a noite
à superfície das águas
verdadeira a noite
à profundidade das águas

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