26.10.08

as melodias e as tágides III



ó mar salgado quanto do teu sal
é esperma do meu sexo
quanto do teu sal
é fluido das minhas tágides
quanto do teu sal
é suor é lágrimas é amor dos nossos corpos
ou das nossas formas que eu perdi a carne do meu corpo

ó mar salgado quantas das tuas vagas
quantas das tuas conchas
quantas das tuas algas
quantos dos teus peixes

são filhos dos nossos beijos
são filhos das nossas mãos
são filhos dos nossos sexos
são filhos do nosso amor

eu e as tágides caminhámos por sobre as águas
eu e as tágides ressuscitámos o morto lázaro de meu nome
eu e as tágides abrimos os olhos ao mar e fechámos os olhos às margens
eu e as tágides erguemos a primeira pedra e pecámos a noite toda
eu e as tágides dormimos já não sei quantas outras noites no deserto
eu e as tágides somos crucificados todos os dias no alto mar

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