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Na manhã seguinte, frente ao espelho na casa de banho, sistemático analisas cada centímetro de vidro prateado e cada centímetro de pele em busca da imagem do dia anterior.
A metamorfose instalou-se em cada poro de pele e por toda a parte explosões subcutâneas alteram a geografia da carne. Colinas são substituidas por planícies abruptamente enquanto subtilmente jorros de napalm liquidificam as impressões digitais dos dedos.
A água escorre da cara para o lavatório para o ralo e já não percorre as linhas de identidade das mãos. As formas líquidas que se desenhavam no corpo deram lugar a uma enxurrada implacável que como um turbilhão limpa os últimos traços originais.
Cada dia que passa dá passagem a uma nova criatura e todos os dias uma nova personagem sem identidade sem cultura sem raízes sem história sem futuro reinventada, inocente.
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