29.10.08

somos tu e eu filhos do deserto III

Nesse dia e para cada um dos nossos sentidos acharemos o que nos anestesia.


Os terramotos provocados pelas tuas mãos, nas minhas mãos, oferecerás ao vagabundo mais miserável, e eu também. 

O sabor delicodoce dos teus lábios ao morder os meus lábios, oferecerás à mais bela maçã que encontrares, e eu também.

O perfume irresistível do teu corpo que exalo enquanto nos abraçamos, disfarçarás com perfumes luxuosos que te tornam invisível na presença de outros indivíduos, para que eu me perca na globalização odorífera também.

A música das tuas palavras, que faz dançar pássaros no meu peito, perder-se-á no vendaval do quotidiano e a música das minhas palavras que criam ondas de prazer no teu corpo também.

A visão do teu semblante florido que ridiculariza o mais belo quadro esquecerei eu enquanto observar atentamente a tv, e tu também.

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